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São inúmeras as situações do dia a dia, em que nos pegamos observando casais andando de mãos dadas, conversando em voz baixa como quem troca segredos, comendo juntos, num aparente estado de graça ao lado do ser amado. De fato, os relacionamentos podem ser maravilhosos e imensamente satisfatórios, mas a cena que vemos de longe não se aproxima, nem de longe, da realidade concreta de grande parte dos casais. Como diria Caetano Veloso, na célebre letra de sua composição musical Vaca Profana, “de perto ninguém é normal”. Além disso, àquilo que vemos, adicionamos elementos de nosso imaginário, que é habitado por imagens e histórias que são por nós construídas e/ou captadas por nossos sentidos a partir de nossos contatos com outras pessoas, livros, revistas, filmes, contos, novelas, comerciais, etc. O resultado disso é uma imagem idealizada dos relacionamentos amorosos, que construímos e passamos a utilizar como critério de referência para nossos relacionamentos reais. E aqui fica uma dica para o(a) leitor(a): compreender os mitos que rondam os relacionamentos é fundamental, para que não se crie expectativas irrealistas em relação ao outro com quem se convive. Esse texto é sobre alguns desses mitos ou pensamentos disfuncionais, que turvam ou distorcem nossa visão, fazendo-nos ver perfeição, onde há pura realidade.

De Perto Ninguém é Normal

Um desses mitos é o de que o amor é tudo de que precisamos. O que se verifica na prática é que o amor é maravilhoso, mas não é suficiente para promover a manutenção de um relacionamento. Outros elementos são necessários, como, por exemplo, reciprocidade, objetivos de vida e interesses comuns. Mesmo que haja amor, se os membros do casal estiverem caminhando em sentidos opostos, estarão gradativamente se separando a cada passo da caminhada.

Um outro mito é o da bola de cristal. Muitas vezes, um ou ambos os membros de um casal acredita(m) que, se há amor, essa conexão profunda irá fazer com que o ser amado perceba, apenas pelo olhar, o que o outro está, por exemplo, esperando que aconteça. O fato é que o amor é apenas um sentimento e não dota as pessoas de poderes especiais, como, nesse caso, o poder de fazer leituras mentais. Dica: quando você quiser saber quais as expectativas do outro em relação ao que você poderia fazer, pergunte. Perguntar dá a chance de o outro assumir a própria responsabilidade de saber o que quer ou espera de você e de dizer isso a você. A boa comunicação costuma ser a solução nesses casos.

Há um mito que diz que casais em bons relacionamentos não brigam. Esse pensamento pode levar os membros do casal a verem um relacionamento que tem alguns atritos como algo que não está “dando certo”. Um consenso entre os profissionais da área é o de que o que realmente importa não é o fato de que os casais brigam, mas como eles brigam. Discussões produtivas são aquelas que evitam que os sentimentos fiquem ainda mais aflorados e normalmente levam à resolução dos problemas, assim como à construção de alguns combinados que servem de base para lidar com situações semelhantes no futuro.

Há ainda uma série de outros mitos ou pensamentos disfuncionais em relação a como um casal deveria funcionar e que distorcem a visão dos membros da díade, levando à geração de expectativas irrealistas no que concerne à relação. Esse é um texto meramente pedagógico e que não tem o objetivo de esgotar o assunto. Caso você tenha problemas em sua vida conjugal, sugiro procurar a ajuda de um profissional que tenha conhecimentos teóricos e experiência prática na área.

Referência:

https://galcosta.com.br/sec_discografia_view.php?id=20

Lazarus, A (1992). Mitos Conjugais. Campinas: Editorial Psy.

Texto de autoria do Psicólogo Alexandro Paiva.

Alexandro Nobre Paiva é Psicólogo Clínico, Psicoterapeuta Sexual e de Casais (CRP 06/118772) com experiência no atendimento de clientes brasileiros e estrangeiros adultos, nas línguas inglesa e portuguesa. Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva em Saúde Mental pelo Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (AMBAN IPq HC FMUSP) e pela Proficoncept, certificada pela DGERT (União Europeia). Qualificação Avançada em Psicoterapia com Enfoque na Sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade (INPASEX). Capacitação em Reabilitação do Amor Patológico pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (AMBULIM IPq HC FMUSP) e pela Escola de Reabilitação do Amor Patológico (ERA-AP). Membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC).

Especialista em Língua Inglesa: Metodologia da Tradução pela FAFIRE, tendo atuado como Professor de Língua Inglesa por cerca de 10 anos (Brasil e China) e convivido com pessoas de diferentes culturas, mantém um Blog com Recursos Psicoeducacionais nas áreas da Psicologia e da Sexualidade.

Interesses principais incluem Psicologia, Sexualidade, Tradução, Línguas Estrangeiras, Viagens e Fotografia.

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