A composição musical You´ve Lost That Lovin` Feelin` – que numa tradução livre para o português seria algo como Você Perdeu Aquele Sentimento Amoroso – foi uma das gravações mais executadas nos Estados Unidos no século XX. E esse sucesso estrondoso não foi à toa. Já de início, sua letra dizia: “Você nunca mais fecha os olhos quando beijo seus lábios / E não há mais aquela suavidade nas pontas de seus dedos / Você está se esforçando para não demonstrar / Mas Baby, Baby, eu sei / Você perdeu aquele sentimento amoroso” (tradução livre). A identificação do público com essa música foi imensa e isso ocorreu porque ela fala de uma experiência vivida por uma grande parcela da população, a de testemunhar a morte do amor em um relacionamento. Quando os casais identificam que o amor já se foi e conversam calmamente sobre isso, normalmente conseguem fazer uma boa finalização do relacionamento, tornando ambos os membros disponíveis e livres para novos amores. Mas esse processo de identificação da morte do amor e consequente separação, às vezes, não ocorre de modo tão simples assim. Há situações em que os membros da díade nem percebem que o amor já morreu. Esse texto é sobre dicas que ajudam a perceber se ainda há amor na relação.
A primeira dica é tentar perceber se os membros do casal costumam remoer sempre os mesmos assuntos, transformando essas discussões frequentes em brigas cada vez mais homéricas e amargas. Normalmente, esse tipo de interação tóxica acontece entre pessoas que acumulam ressentimentos antigos, produzidos por questões mal resolvidas do passado. Casais que vivenciam situações como essa e procuram ajuda rapidamente aumentam suas chances de resolverem os mal entendidos e encontrarem o amor, por vezes diminuído, mas ainda vivo. Quando demoram demais para buscarem auxílio, é comum perceberem que, mesmo após reduzidas as brigas, o amor já não está mais lá.
Uma outra dica é verificar se apenas um dos membros do casal está empenhado em solucionar os problemas do relacionamento. Às vezes, um dos parceiros faz de tudo para tentar resolver a situação, ao passo que dá de cara com a inércia do outro nesse processo de superação dos problemas. Quando isso acontece, geralmente o prognóstico não é bom. Uma metáfora que poderia tentar descrever a sensação do membro da díade que está tentando salvar a relação é a de uma pessoa tentando reanimar um cachorro que já morreu. São intensos os sentimentos de frustração e impotência nesses casos. Após passado algum tempo, há uma tendência de que esse parceiro “salvador” vá, aos poucos, abandonando a tarefa de “salvar” a relação. Quando há esse abandono, há o fim da relação. Quando não há esse abandono, tem-se a situação de um casal que não sabe que o amor já morreu.
Uma outra possível forma de identificar a morte de um amor é ver o que acontece com os parceiros quando ouvem juntos músicas que outrora os tocavam. Quando não há mais amor, é comum que essas músicas, anteriormente significativas para ambos, entrem por um ouvido e saiam pelo outro, enquanto o cenário se aproxima a passos largos de um deserto à la Saara.
Esse é um texto meramente informativo e que não tem o objetivo de substituir consulta por profissional especializado. Caso você tenha problemas em sua vida conjugal, sugiro procurar a ajuda de um psicoterapeuta que tenha conhecimentos teóricos e experiência prática na área.
Texto de autoria do Psicólogo Alexandro Paiva.
Alexandro Nobre Paiva é Psicólogo Clínico, Psicoterapeuta Sexual e de Casais (CRP 06/118772) com experiência no atendimento de clientes brasileiros e estrangeiros adultos, nas línguas inglesa e portuguesa. Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva em Saúde Mental pelo Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (AMBAN IPq HC FMUSP) e pela Proficoncept, certificada pela DGERT (União Europeia). Qualificação Avançada em Psicoterapia com Enfoque na Sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade (INPASEX). Capacitação em Reabilitação do Amor Patológico pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (AMBULIM IPq HC FMUSP) e pela Escola de Reabilitação do Amor Patológico (ERA-AP). Membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC).
Especialista em Língua Inglesa: Metodologia da Tradução pela FAFIRE, tendo atuado como Professor de Língua Inglesa por cerca de 10 anos (Brasil e China) e convivido com pessoas de diferentes culturas, mantém um Blog com Recursos Psicoeducacionais nas áreas da Psicologia e da Sexualidade.
Interesses principais incluem Psicologia, Sexualidade, Tradução, Línguas Estrangeiras, Viagens e Fotografia.
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